Considerações
e Formulações Acerca da Obra:
Extensão
ou Comunicação? de Paulo Freire
1°
Parte
Sobre
o Termo Extensão
Em Extensão ou
Comunicação?, Freire nos apresenta um exemplo concreto de uma situação opressor-oprimido. Ao longo deste
artigo, veremos que essa é uma situação que envolve quase, senão todas as
relações humanas. Em sua obra mais conhecida A Pedagogia do Oprimido, Freire expôs sua Teoria Dialógica da Ação, e foi onde nos mostrou, de forma mais
objetiva, como se dá essa situação, denunciou a educação bancária e propôs ideias que podem ajudar o homem a sair
dessa situação, de modo que os pólos opressor-oprimido
não apenas se invertam, a tentativa visa erradicar essa relação antagônica.
Como foi dito acima, em Extensão ou
Comunicação?, Freire dá o exemplo concreto desta situação ao tratar sobre o
trabalho do agrônomo-educador, também chamado extensionista, e enfatiza mais
uma vez que, só se sai dessa situação através de um dialogo problematizante,
dialogo este, que tem o intuito de despertar uma consciência critica da realidade.
Por
que Debater Sobre a Extensão?
O trabalho do
agrônomo-educador, que se dá no domínio do humano, envolve um problema
filosófico que não pode ser desconhecido nem tampouco minimizado.
A reflexão filosófica se impõe neste, como
em outros casos. Não é possível eludí-la, já que o que a Extensão pretende,
basicamente, é substituir uma forma de conhecimento por outra. E basta que
estejam em jogo formas de conhecimento para que não se possa deixar de lado uma
reflexão filosófica. (Freire, p 26/27)
No termo extensão, encontramos o sentido de levar algo à, estender algo, nessa concepção, o ato de educar adquire uma conotação mecanicista, nesse sentido o trabalho do extensionista rural é uma educação-bancaria, aquela que vê o educando como uma jarro vazio onde se pode depositar os conhecimentos de outrem.
O termo extensão
não corresponde a um quefazer
libertador, que é o dever do extensionista. Pela sua significação de estender
algo, o termo nega o papel transformador da realidade. Quando explanamos o
conceito do termo extensão, torna-se contraditório dizer que o trabalho do
extensionista é persuadir a população rural a aceitar sua propaganda. Se um
extensionista chega à uma população rural, tentando persuadir os camponeses a
aceitarem a sua propaganda, o que o extensionista faz é negar que o homem rural
tem a capacidade de formular conhecimentos próprios.
Esta obra de Freire não se trata apenas de uma crítica ao
trabalho do agrônomo educador, trata-se de uma tentativa de despertar uma consciência critica nos estensionistas,
para que possam atuar de forma eficaz, despertando também a consciência critica do homem rural,
partindo de sua própria realidade.
Freire esta expondo uma contradição: persuadir – educar. Não é possível aceitar que a imposição de uma
propaganda, de uma visão de mundo por meio da persuasão seja uma forma de
educar. Educação só é verdadeira quando encarna a busca do ser mais. A persuasão nega a formação de um conhecimento autentico.
Persuadir o camponês a aceitar a propaganda de seus
aparatos e técnicas é uma forma de domesticação, a propaganda é um instrumento
de domesticação, independente de seu conteúdo, a persuasão irá tomar o homem
rural como objeto da propaganda.
O termo extensão sugere
algo dinâmico, mas para Freire o que temos aqui é um equivoco; ela propõe uma
dinâmica, mas se o que ela faz é somente estender algo, aquele que sofreu a
extensão ira receber apenas um conteúdo estático, nada de dinâmico. Essa forma
estática surge da ingenuidade dos homens acharem que o conhecimento do mundo é
algo que possa ser transferido, estendido ou depositado.
Ora, o mundo está em constante transformação, só por este
fato, o conhecimento dele não pode ser algo estático e imutável, igual para
todos, “a confrontação com o mundo é a fonte verdadeira do conhecimento.”
(Freire, p.27)
Pelo mundo ser algo sempre em transformação, isso requer, naturalmente, uma busca constante.
Pelo mundo ser algo sempre em transformação, isso requer, naturalmente, uma busca constante.
O termo extensão
separa o homem do mundo. Formula-se uma visao de realidade e tenta-se a
imposição dessa visão sobre o homem. Um grande erro, pois não se separa homem-mundo, não existe o mundo sem o
homem e vice-versa, “o homem se encontra marcado pelos resultados de sua
própria ação.” (Freire, p.28)
O que a extensão faz,
é mostrar uma presença nova naquela realidade, a presença dos conteúdos
estendidos. Ela toma o homem como objeto, transformado em objeto, o homem não
conhece, ele só conhece quando passa a atuar como o sujeito que indaga, o homem
precisa entender que atua no mundo, e é esta atuação que transforma a sua
realidade.
O que Freire tenta, é tirar a extensão do campo da doxa,
nesse sentido ele entende que a extensão
traz um conhecimento que é mostrado para o homem rural. Desta forma o homem
capta a presença das coisas, exercendo sobre elas a mera opinião. Apenas por
esse captar, não é possível um aprofundamento do conhecimento, adentrar o
conhecimento é ter uma percepção critica sobre as coisas
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