* Pressupostos (p. 394/340[1]):
1) Conceito de Filosofia: “tem a tarefa de captar, pensando e compreendendo, a verdade”, não uma verdade finita e mutável, mas uma verdade absoluta que se expressa na história.
2) História da Filosofia: deve ocupar-se com a própria filosofia, “[...] a história da filosofia [não] foi excogitada arbitrariamente por indivíduos singulares de maneiras diferentes umas das outras, mas há um nexo essencial no movimento do espírito pensante, onde domina a razão”.
1) Conceito de Filosofia: “tem a tarefa de captar, pensando e compreendendo, a verdade”, não uma verdade finita e mutável, mas uma verdade absoluta que se expressa na história.
2) História da Filosofia: deve ocupar-se com a própria filosofia, “[...] a história da filosofia [não] foi excogitada arbitrariamente por indivíduos singulares de maneiras diferentes umas das outras, mas há um nexo essencial no movimento do espírito pensante, onde domina a razão”.
* Definição de filosofia:
“A
filosofia é a ciência objetiva da verdade, é a ciência da sua necessidade: é
conhecer por conceitos, não é opinar nem deduzir uma opinião de outra” (p.
390/336).
Sendo assim:
1) Filosofia (ideia universal, objetiva) # Opinião (representação subjetiva)
2) História da Filosofia # Coleção de “opiniões filosóficas” acompanhada da investigação de como se formaram e se desenvolveram
1) Filosofia (ideia universal, objetiva) # Opinião (representação subjetiva)
2) História da Filosofia # Coleção de “opiniões filosóficas” acompanhada da investigação de como se formaram e se desenvolveram
“Uma história assim
redigida, que não passe de pura enumeração de opiniões, não constitui senão um
objeto de inútil curiosidade ou, quando muito, de investigação erudita, uma vez
que a erudição consiste em saber quantidade de coisas inúteis desprovidas de
interesse intrínseco, a não ser o interesse de serem conhecidas. Defendemos,
por outro lado, que não é destituído de toda utilidade o aplicar-se a conhecer
as opiniões e pensamentos alheios, na medida em que este exercício estimula a
energia da mente, sugere alguma boa ideia, e do choque das várias opiniões faz nascer
uma nova opinião: pois que a ciência consistiria precisamente neste evoluir
duma opinião para outra” (p. 390/336).
* Considera-se a diversidade de filosofias como prova da impossibilidade da verdade e da própria filosofia. Para Hegel, entretanto, esse modo de pensar é abstrato por contrapor de forma simples verdade e erro. Pois:
a) as
diversas filosofias têm algo em comum: são filosofias
b) a
diversidade de filosofias é necessária e essencial à própria filosofia
* A filosofia tem como fim a verdade e a verdade encontra-se na ideia. “[...] a ideia... é o pensamento na sua totalidade e na sua determinação em si e por si. A ideia é a verdade e unicamente a verdade; ora, é essencial à natureza da verdade o desenvolver-se e chegar à compreensão de si própria, e só através do desenvolvimento torna-se aquilo que é” (p. 395/341). A filosofia, assim, deve ser compreendida como o desenvolvimento do concreto. Mas o que é “desenvolvimento” e o que é “concreto”?
Desenvolvimento:
* Definição: o
desenvolvimento se faz na dialética do ser em si (potência, capacidade,
disposição) e ser por si (atualidade, ato). “Todo o conhecimento e cultura, a
ciência e a própria ação não visam a outro escopo senão a exprimir de si o que
é em si, e deste modo a se converter em objeto para si mesmo” (p. 396/342).
Concreto:
* Definição: 1) o concreto é a unidade dos momentos do
desenvolvimento (o ser em si e ser por si); 2) o concreto é o em si, aquilo que começa o desenvolvimento; 3) o concreto é o produto final do
desenvolvimento. Portanto, o concreto é
simples e diverso ao mesmo tempo, e se relaciona aos momentos dialéticos.
“Esta interna contradição, que é precisamente o que provoca o desenvolvimento,
leva as diferenças à existência” (p. 398/343)
* A filosofia não é abstração vazia. Seu conteúdo é abstrato apenas na forma, já que a ideia (seu conteúdo próprio) é essencialmente concreta, pois é a unidade de múltiplas determinações. Para compreender isso é preciso distinguir:
Pensar
do intelecto/entendimento = pensar abstrato = não união de
uma coisa e o seu diferente (próprio da ciência)
Pensar
da razão = pensar concreto = unidade de determinações
distintas (própria da filosofia)
Comentário:
Para Hegel, a divisão/distinção (operação por excelência do intelecto/entendimento)
é algo abstrato, ou se quisermos, artificial, pois a realidade é uma
totalidade. E essa totalidade só pode
ser apreendida por uma atividade unificadora da razão que articule algo e o seu
contrário.
* Conclusões retiradas por Hegel:
1) A
história da filosofia, assim como a filosofia, é sistema em desenvolvimento. A
filosofia representa a necessidade das determinações da ideia. A história da
filosofia mostra esse desenvolvimento da ideia no tempo, i.e., de forma
empírica num dado lugar e sob determinadas condições políticas.
2) A
sucessão dos sistemas de filosofia na história é igual à sucessão lógica das
determinações conceptuais da ideia, ainda que haja diferenças [Sistema e
História se identificam]
3) O
estudo da história da filosofia é estudo da própria filosofia
Observação fundamental: Hegel, ao falar do
desenvolvimento da filosofia, fala do ponto de vista do espírito universal e
pressupõe uma organização racional do mundo. Cf. os tópicos “O desenvolvimento
das várias filosofias no tempo” e “Aplicação das considerações precedentes à
história da filosofia”
[1] A primeira numeração refere-se à
paginação da do texto de Hegel na coleção Os pensadores do ano 2000, a segunda
numeração refere-se à versão em pdf.