quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Leitura complementar 6: "Amor" (Clarice Lispector)




Amor
Clarice Lispector

Um pouco cansada, com as compras deformando o novo saco de tricô, Ana subiu no bonde. Depositou o volume no colo e o bonde começou a andar. Recostou-se então no banco procurando conforto, num suspiro de meia satisfação.

 Os filhos de Ana eram bons, uma coisa verdadeira e sumarenta. Cresciam, tomavam banho, exigiam para si, malcriados, instantes cada vez mais completos. A cozinha era enfim espaçosa, o fogão enguiçado dava estouros. O calor era forte no apartamento que estavam aos poucos pagando. Mas o vento batendo nas cortinas que ela mesma cortara lembrava-lhe que se quisesse podia parar e enxugar a testa, olhando o calmo horizonte. Como um lavrador. Ela plantara as sementes que tinha na mão, não outras, mas essas apenas. E cresciam árvores. Crescia sua rápida conversa com o cobrador de luz, crescia a água enchendo o tanque, cresciam seus filhos, crescia a mesa com comidas, o marido chegando com os jornais e sorrindo de fome, o canto importuno das empregadas do edifício. Ana dava a tudo, tranqüilamente, sua mão pequena e forte, sua corrente de vida.

 Certa hora da tarde era mais perigosa. Certa hora da tarde as árvores que plantara riam dela. Quando nada mais precisava de sua força, inquietava-se. No entanto sentia-se mais sólida do que nunca, seu corpo engrossara um pouco e era de se ver o modo como cortava blusas para os meninos, a grande tesoura dando estalidos na fazenda. Todo o seu desejo vagamente artístico encaminhara-se há muito no sentido de tornar os dias realizados e belos; com o tempo, seu gosto pelo decorativo se desenvolvera e suplantara a íntima desordem. Parecia ter descoberto que tudo era passível de aperfeiçoamento, a cada coisa se emprestaria uma aparência harmoniosa; a vida podia ser feita pela mão do homem.

 No fundo, Ana sempre tivera necessidade de sentir a raiz firme das coisas. E isso um lar perplexamente lhe dera. Por caminhos tortos, viera a cair num destino de mulher, com a surpresa de nele caber como se o tivesse inventado. O homem com quem casara era um homem verdadeiro, os filhos que tivera eram filhos verdadeiros. Sua juventude anterior parecia-lhe estranha como uma doença de vida. Dela havia aos poucos emergido para descobrir que também sem a felicidade se vivia: abolindo-a, encontrara uma legião de pessoas, antes invisíveis, que viviam como quem trabalha — com persistência, continuidade, alegria. O que sucedera a Ana antes de ter o lar estava para sempre fora de seu alcance: uma exaltação perturbada que tantas vezes se confundira com felicidade insuportável. Criara em troca algo enfim compreensível, uma vida de adulto. Assim ela o quisera e o escolhera.

 Sua precaução reduzia-se a tomar cuidado na hora perigosa da tarde, quando a casa estava vazia sem precisar mais dela, o sol alto, cada membro da família distribuído nas suas funções. Olhando os móveis limpos, seu coração se apertava um pouco em espanto. Mas na sua vida não havia lugar para que sentisse ternura pelo seu espanto — ela o abafava com a mesma habilidade que as lides em casa lhe haviam transmitido. Saía então para fazer compras ou levar objetos para consertar, cuidando do lar e da família à revelia deles. Quando voltasse era o fim da tarde e as crianças vindas do colégio exigiam-na. Assim chegaria a noite, com sua tranqüila vibração. De manhã acordaria aureolada pelos calmos deveres. Encontrava os móveis de novo empoeirados e sujos, como se voltassem arrependidos. Quanto a ela mesma, fazia obscuramente parte das raízes negras e suaves do mundo. E alimentava anonimamente a vida. Estava bom assim. Assim ela o quisera e escolhera.

 O bonde vacilava nos trilhos, entrava em ruas largas. Logo um vento mais úmido soprava anunciando, mais que o fim da tarde, o fim da hora instável. Ana respirou profundamente e uma grande aceitação deu a seu rosto um ar de mulher.

 O bonde se arrastava, em seguida estacava. Até Humaitá tinha tempo de descansar. Foi então que olhou para o homem parado no ponto.

 A diferença entre ele e os outros é que ele estava realmente parado. De pé, suas mãos se mantinham avançadas. Era um cego.

 O que havia mais que fizesse Ana se aprumar em desconfiança? Alguma coisa intranqüila estava sucedendo. Então ela viu: o cego mascava chicles... Um homem cego mascava chicles.

 Ana ainda teve tempo de pensar por um segundo que os irmãos viriam jantar — o coração batia-lhe violento, espaçado. Inclinada, olhava o cego profundamente, como se olha o que não nos vê. Ele mascava goma na escuridão. Sem sofrimento, com os olhos abertos. O movimento da mastigação fazia-o parecer sorrir e de repente deixar de sorrir, sorrir e deixar de sorrir — como se ele a tivesse insultado, Ana olhava-o. E quem a visse teria a impressão de uma mulher com ódio. Mas continuava a olhá-lo, cada vez mais inclinada — o bonde deu uma arrancada súbita jogando-a desprevenida para trás, o pesado saco de tricô despencou-se do colo, ruiu no chão — Ana deu um grito, o condutor deu ordem de parada antes de saber do que se tratava — o bonde estacou, os passageiros olharam assustados.

 Incapaz de se mover para apanhar suas compras, Ana se aprumava pálida. Uma expressão de rosto, há muito não usada, ressurgia-lhe com dificuldade, ainda incerta, incompreensível. O moleque dos jornais ria entregando-lhe o volume. Mas os ovos se haviam quebrado no embrulho de jornal. Gemas amarelas e viscosas pingavam entre os fios da rede. O cego interrompera a mastigação e avançava as mãos inseguras, tentando inutilmente pegar o que acontecia. O embrulho dos ovos foi jogado fora da rede e, entre os sorrisos dos passageiros e o sinal do condutor, o bonde deu a nova arrancada de partida.

 Poucos instantes depois já não a olhavam mais. O bonde se sacudia nos trilhos e o cego mascando goma ficara atrás para sempre. Mas o mal estava feito.

 A rede de tricô era áspera entre os dedos, não íntima como quando a tricotara. A rede perdera o sentido e estar num bonde era um fio partido; não sabia o que fazer com as compras no colo. E como uma estranha música, o mundo recomeçava ao redor. O mal estava feito. Por quê? Teria esquecido de que havia cegos? A piedade a sufocava, Ana respirava pesadamente. Mesmo as coisas que existiam antes do acontecimento estavam agora de sobreaviso, tinham um ar mais hostil, perecível... O mundo se tornara de novo um mal-estar. Vários anos ruíam, as gemas amarelas escorriam. Expulsa de seus próprios dias, parecia-lhe que as pessoas da rua eram periclitantes, que se mantinham por um mínimo equilíbrio à tona da escuridão — e por um momento a falta de sentido deixava-as tão livres que elas não sabiam para onde ir. Perceber uma ausência de lei foi tão súbito que Ana se agarrou ao banco da frente, como se pudesse cair do bonde, como se as coisas pudessem ser revertidas com a mesma calma com que não o eram.

 O que chamava de crise viera afinal. E sua marca era o prazer intenso com que olhava agora as coisas, sofrendo espantada. O calor se tornara mais abafado, tudo tinha ganho uma força e vozes mais altas. Na Rua Voluntários da Pátria parecia prestes a rebentar uma revolução, as grades dos esgotos estavam secas, o ar empoeirado. Um cego mascando chicles mergulhara o mundo em escura sofreguidão. Em cada pessoa forte havia a ausência de piedade pelo cego e as pessoas assustavam-na com o vigor que possuíam. Junto dela havia uma senhora de azul, com um rosto. Desviou o olhar, depressa. Na calçada, uma mulher deu um empurrão no filho! Dois namorados entrelaçavam os dedos sorrindo... E o cego? Ana caíra numa bondade extremamente dolorosa.

 Ela apaziguara tão bem a vida, cuidara tanto para que esta não explodisse. Mantinha tudo em serena compreensão, separava uma pessoa das outras, as roupas eram claramente feitas para serem usadas e podia-se escolher pelo jornal o filme da noite - tudo feito de modo a que um dia se seguisse ao outro. E um cego mascando goma despedaçava tudo isso. E através da piedade aparecia a Ana uma vida cheia de náusea doce, até a boca.

 Só então percebeu que há muito passara do seu ponto de descida. Na fraqueza em que estava, tudo a atingia com um susto; desceu do bonde com pernas débeis, olhou em torno de si, segurando a rede suja de ovo. Por um momento não conseguia orientar-se. Parecia ter saltado no meio da noite.

 Era uma rua comprida, com muros altos, amarelos. Seu coração batia de medo, ela procurava inutilmente reconhecer os arredores, enquanto a vida que descobrira continuava a pulsar e um vento mais morno e mais misterioso rodeava-lhe o rosto. Ficou parada olhando o muro. Enfim pôde localizar-se. Andando um pouco mais ao longo de uma sebe, atravessou os portões do Jardim Botânico.

 Andava pesadamente pela alameda central, entre os coqueiros. Não havia ninguém no Jardim. Depositou os embrulhos na terra, sentou-se no banco de um atalho e ali ficou muito tempo.

 A vastidão parecia acalmá-la, o silêncio regulava sua respiração. Ela adormecia dentro de si.

 De longe via a aléia onde a tarde era clara e redonda. Mas a penumbra dos ramos cobria o atalho.

 Ao seu redor havia ruídos serenos, cheiro de árvores, pequenas surpresas entre os cipós. Todo o Jardim triturado pelos instantes já mais apressados da tarde. De onde vinha o meio sonho pelo qual estava rodeada? Como por um zunido de abelhas e aves. Tudo era estranho, suave demais, grande demais.

 Um movimento leve e íntimo a sobressaltou — voltou-se rápida. Nada parecia se ter movido. Mas na aléia central estava imóvel um poderoso gato. Seus pêlos eram macios. Em novo andar silencioso, desapareceu.

 Inquieta, olhou em torno. Os ramos se balançavam, as sombras vacilavam no chão. Um pardal ciscava na terra. E de repente, com mal-estar, pareceu-lhe ter caído numa emboscada. Fazia-se no Jardim um trabalho secreto do qual ela começava a se aperceber.

 Nas árvores as frutas eram pretas, doces como mel. Havia no chão caroços secos cheios de circunvoluções, como pequenos cérebros apodrecidos. O banco estava manchado de sucos roxos. Com suavidade intensa rumorejavam as águas. No tronco da árvore pregavam-se as luxuosas patas de uma aranha. A crueza do mundo era tranqüila. O assassinato era profundo. E a morte não era o que pensávamos.

 Ao mesmo tempo que imaginário — era um mundo de se comer com os dentes, um mundo de volumosas dálias e tulipas. Os troncos eram percorridos por parasitas folhudas, o abraço era macio, colado. Como a repulsa que precedesse uma entrega — era fascinante, a mulher tinha nojo, e era fascinante.

 As árvores estavam carregadas, o mundo era tão rico que apodrecia. Quando Ana pensou que havia crianças e homens grandes com fome, a náusea subiu-lhe à garganta, como se ela estivesse grávida e abandonada. A moral do Jardim era outra. Agora que o cego a guiara até ele, estremecia nos primeiros passos de um mundo faiscante, sombrio, onde vitórias-régias boiavam monstruosas. As pequenas flores espalhadas na relva não lhe pareciam amarelas ou rosadas, mas cor de mau ouro e escarlates. A decomposição era profunda, perfumada... Mas todas as pesadas coisas, ela via com a cabeça rodeada por um enxame de insetos enviados pela vida mais fina do mundo. A brisa se insinuava entre as flores. Ana mais adivinhava que sentia o seu cheiro adocicado... O Jardim era tão bonito que ela teve medo do Inferno.

 Era quase noite agora e tudo parecia cheio, pesado, um esquilo voou na sombra. Sob os pés a terra estava fofa, Ana aspirava-a com delícia. Era fascinante, e ela sentia nojo.

 Mas quando se lembrou das crianças, diante das quais se tornara culpada, ergueu-se com uma exclamação de dor. Agarrou o embrulho, avançou pelo atalho obscuro, atingiu a alameda. Quase corria — e via o Jardim em torno de si, com sua impersonalidade soberba. Sacudiu os portões fechados, sacudia-os segurando a madeira áspera. O vigia apareceu espantado de não a ter visto.

 Enquanto não chegou à porta do edifício, parecia à beira de um desastre. Correu com a rede até o elevador, sua alma batia-lhe no peito — o que sucedia? A piedade pelo cego era tão violenta como uma ânsia, mas o mundo lhe parecia seu, sujo, perecível, seu. Abriu a porta de casa. A sala era grande, quadrada, as maçanetas brilhavam limpas, os vidros da janela brilhavam, a lâmpada brilhava — que nova terra era essa? E por um instante a vida sadia que levara até agora pareceu-lhe um modo moralmente louco de viver. O menino que se aproximou correndo era um ser de pernas compridas e rosto igual ao seu, que corria e a abraçava. Apertou-o com força, com espanto. Protegia-se tremula. Porque a vida era periclitante. Ela amava o mundo, amava o que fora criado — amava com nojo. Do mesmo modo como sempre fora fascinada pelas ostras, com aquele vago sentimento de asco que a aproximação da verdade lhe provocava, avisando-a. Abraçou o filho, quase a ponto de machucá-lo. Como se soubesse de um mal — o cego ou o belo Jardim Botânico? — agarrava-se a ele, a quem queria acima de tudo. Fora atingida pelo demônio da fé. A vida é horrível, disse-lhe baixo, faminta. O que faria se seguisse o chamado do cego? Iria sozinha... Havia lugares pobres e ricos que precisavam dela. Ela precisava deles... Tenho medo, disse. Sentia as costelas delicadas da criança entre os braços, ouviu o seu choro assustado. Mamãe, chamou o menino. Afastou-o, olhou aquele rosto, seu coração crispou-se. Não deixe mamãe te esquecer, disse-lhe. A criança mal sentiu o abraço se afrouxar, escapou e correu até a porta do quarto, de onde olhou-a mais segura. Era o pior olhar que jamais recebera. Q sangue subiu-lhe ao rosto, esquentando-o.

 Deixou-se cair numa cadeira com os dedos ainda presos na rede. De que tinha vergonha?

 Não havia como fugir. Os dias que ela forjara haviam-se rompido na crosta e a água escapava. Estava diante da ostra. E não havia como não olhá-la. De que tinha vergonha? É que já não era mais piedade, não era só piedade: seu coração se enchera com a pior vontade de viver.

 Já não sabia se estava do lado do cego ou das espessas plantas. O homem pouco a pouco se distanciara e em tortura ela parecia ter passado para o lados que lhe haviam ferido os olhos. O Jardim Botânico, tranqüilo e alto, lhe revelava. Com horror descobria que pertencia à parte forte do mundo — e que nome se deveria dar a sua misericórdia violenta? Seria obrigada a beijar um leproso, pois nunca seria apenas sua irmã. Um cego me levou ao pior de mim mesma, pensou espantada. Sentia-se banida porque nenhum pobre beberia água nas suas mãos ardentes. Ah! era mais fácil ser um santo que uma pessoa! Por Deus, pois não fora verdadeira a piedade que sondara no seu coração as águas mais profundas? Mas era uma piedade de leão.

 Humilhada, sabia que o cego preferiria um amor mais pobre. E, estremecendo, também sabia por quê. A vida do Jardim Botânico chamava-a como um lobisomem é chamado pelo luar. Oh! mas ela amava o cego! pensou com os olhos molhados. No entanto não era com este sentimento que se iria a uma igreja. Estou com medo, disse sozinha na sala. Levantou-se e foi para a cozinha ajudar a empregada a preparar o jantar.

 Mas a vida arrepiava-a, como um frio. Ouvia o sino da escola, longe e constante. O pequeno horror da poeira ligando em fios a parte inferior do fogão, onde descobriu a pequena aranha. Carregando a jarra para mudar a água - havia o horror da flor se entregando lânguida e asquerosa às suas mãos. O mesmo trabalho secreto se fazia ali na cozinha. Perto da lata de lixo, esmagou com o pé a formiga. O pequeno assassinato da formiga. O mínimo corpo tremia. As gotas d'água caíam na água parada do tanque. Os besouros de verão. O horror dos besouros inexpressivos. Ao redor havia uma vida silenciosa, lenta, insistente. Horror, horror. Andava de um lado para outro na cozinha, cortando os bifes, mexendo o creme. Em torno da cabeça, em ronda, em torno da luz, os mosquitos de uma noite cálida. Uma noite em que a piedade era tão crua como o amor ruim. Entre os dois seios escorria o suor. A fé a quebrantava, o calor do forno ardia nos seus olhos.

 Depois o marido veio, vieram os irmãos e suas mulheres, vieram os filhos dos irmãos.

 Jantaram com as janelas todas abertas, no nono andar. Um avião estremecia, ameaçando no calor do céu. Apesar de ter usado poucos ovos, o jantar estava bom. Também suas crianças ficaram acordadas, brincando no tapete com as outras. Era verão, seria inútil obrigá-las a dormir. Ana estava um pouco pálida e ria suavemente com os outros. Depois do jantar, enfim, a primeira brisa mais fresca entrou pelas janelas. Eles rodeavam a mesa, a família. Cansados do dia, felizes em não discordar, tão dispostos a não ver defeitos. Riam-se de tudo, com o coração bom e humano. As crianças cresciam admiravelmente em torno deles. E como a uma borboleta, Ana prendeu o instante entre os dedos antes que ele nunca mais fosse seu.

 Depois, quando todos foram embora e as crianças já estavam deitadas, ela era uma mulher bruta que olhava pela janela. A cidade estava adormecida e quente. O que o cego desencadeara caberia nos seus dias? Quantos anos levaria até envelhecer de novo? Qualquer movimento seu e pisaria numa das crianças. Mas com uma maldade de amante, parecia aceitar que da flor saísse o mosquito, que as vitórias-régias boiassem no escuro do lago. O cego pendia entre os frutos do Jardim Botânico.

 Se fora um estouro do fogão, o fogo já teria pegado em toda a casa! pensou correndo para a cozinha e deparando com o seu marido diante do café derramado.

 — O que foi?! gritou vibrando toda.

 Ele se assustou com o medo da mulher. E de repente riu entendendo:

 — Não foi nada, disse, sou um desajeitado. Ele parecia cansado, com olheiras.

 Mas diante do estranho rosto de Ana, espiou-a com maior atenção. Depois atraiu-a a si, em rápido afago.

 — Não quero que lhe aconteça nada, nunca! disse ela.

 — Deixe que pelo menos me aconteça o fogão dar um estouro, respondeu ele sorrindo.

 Ela continuou sem força nos seus braços. Hoje de tarde alguma coisa tranqüila se rebentara, e na casa toda havia um tom humorístico, triste. É hora de dormir, disse ele, é tarde. Num gesto que não era seu, mas que pareceu natural, segurou a mão da mulher, levando-a consigo sem olhar para trás, afastando-a do perigo de viver.

 Acabara-se a vertigem de bondade.

 E, se atravessara o amor e o seu inferno, penteava-se agora diante do espelho, por um instante sem nenhum mundo no coração. Antes de se deitar, como se apagasse uma vela, soprou a pequena flama do dia.

Texto extraído no livro “Laços de Família”, Editora Rocco – Rio de Janeiro, 1998, pág. 19, incluído entre “Os cem melhores contos brasileiros do século”, Editora Objetiva – Rio de Janeiro, 2000, seleção de Ítalo Moriconi.
Clarice Lispector: tudo sobre a autora e sua obra em "Biografias".

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Agradecimento e declarações


Pessoal,
Gostaríamos de agradecer a participação de vocês no curso de extensão Leituras Filosóficas “O existencialismo é um humanismo” (Sartre). Esperamos que o curso tenha possibilitado uma introdução geral ao pensamento de Sartre e incentivado seu aprofundamento. Aproveitamos para fazer os últimos informes:
1) Algumas pessoas têm direito à declaração de participação no curso. Confiram abaixo a lista. A declaração será concedida àqueles que frequentaram no mínimo 3 encontros. As declarações já se encontram disponíveis para retirada na Secretaria da Filosofia.
2) Confiram aqui no blog alguns dos materiais utilizados no curso.
3) No próximo semestre a intenção é continuar com o curso “Leituras Filosóficas”. Pensamos em alguns autores como Carl Schmitt, Rousseau, Heidegger, Kierkegaard. Sugestões são bem-vindas.
No mais, bom final de semestre e até uma próxima oportunidade.

Declarações
ALANA CRISTINA TEIXEIRA CHICO
ANDRÉ NOR FILHO
BEATRIZ CRISTINA ABRAHÃO FERREIRA
CAMILA MARQUES DELGADO
DANCLER DA SILVA FREITAS
EDINEUZA CÂNDIDO RIBEIRO
IRAN DIAS COSTA
JOILSON DOS SANTOS LEÃO
LÚCIA DE SOUZA PAIVA
RODRIGO BARCELO DE AMORIM
TALITA ALVES DE OLIVEIRA
TAMIRES SIQUEIRA DE OLIVEIRA

sábado, 3 de novembro de 2012

Próximo encontro: dia 7/11


Pessoal,
Nesta quarta-feira, dia 7/11, às 17:30h, na sala 52 do ICHS, teremos o último encontro do curso.Neste encontro faremos algumas interlocuções entre o existencialismo sartriano e dois importantes literatos-filósofos brasileiros: Clarice Lispector e Carlos Drummond de Andrade. Sugerimos uma releitura do texto de Sartre, a leitura da seleção de poemas do Drummond (enviado por e-mail) e do conto “O Amor”, de Clarice.
Foram também enviados por e-mail o livro “A Rosa do Povo” e um prefácio ao livro escrito por Affonso Romano de Santa’Anna.
Confiram aqui no blog (leiturasfilosoficasufmt.blogspot.com) informes e alguns dos textos complementares utilizados no curso.
Aproveitem bastante o último encontro. Até quarta...

Leituras complementares 5: Má-fé: característica e exemplo


O texto abaixo é um pequeno recorte de "O Ser o Nada" em que Sartre faz uma caracterização da má-fé e a exemplifica a partir do sentimento de tristeza.

[Má-fé: característica e exemplo]

Por certo, para quem pratica a má-fé, trata-se de mascarar uma verdade desagradável ou apresentar como verdade um erro agradável. A má-fé tem na aparência, portanto, a estrutura da mentira. Só que – e isso muda tudo – na má-fé eu mesmo escondo a verdade de mim mesmo. Assim, não existe neste caso a dualidade do enganador e do enganado. A má-fé implica por essência, ao contrário, a unidade de uma consciência. [...]. Na má-fé, não há mentira cínica nem sábio preparo de conceitos enganadores. O ato primeiro de má-fé é para fugir do que não se pode fugir, fugir do que se é. [...]. Se a má-fé é possível, deve-se a que constitui a ameaça imediata e permanente de todo projeto do ser humano, ao fato de a consciência esconder em seu ser um permanente risco de má-fé. E a origem desse risco é que a consciência, ao mesmo tempo e em seu ser, é o que não é e não é o que é.

(Sartre. O Ser o e Nada, p. 94; 118)

***

Mas eis um modo de ser que só concerne a mim: estou triste. Essa tristeza que sou, não o serei à maneira de ser o que sou? Contudo, que será ela, senão a unidade intencional que vem reunir e animar o conjunto de minhas condutas? É o sentido desse olhar embaciado que lanço sobre o mundo, desses ombros curvados, dessa cabeça baixa, dessa flacidez que domina meu corpo todo. No entanto, sei, no exato momento que executo cada conduta dessas, que poderia não executá-las. Se de repente aparecesse um estranho, ergueria a cabeça, retomando meu porte ativo e vivaz – e que sobraria de minha tristeza, senão o fato de que iria complacentemente reencontrá-la, assim que o estranho fosse embora? Por outro lado, a própria tristeza já não será uma conduta? Não será a consciência que se afeta de tristeza como recurso mágico contra a situação de urgência. E, mesmo nesse caso, sentir-se triste não será, sobretudo, fazer-se triste? Que assim seja, pode-se dizer. Mas, apesar de tudo, dar-se o ser da tristeza não será receber esse ser? Afinal, pouco importa de onde o receba. O fato é que uma consciência que se afeta de tristeza é triste, exatamente por causa disso. Mas é compreender mal a natureza da consciência: ser-triste não é um ser já feito que me dou, como posso dar um livro a um amigo. Não tenho qualificação para me afetar de ser. Se me faço triste, tenho de fazer-me triste de um extremo ao outro de minha tristeza, não posso aproveitar o élan adquirido e deixar fluir minha tristeza sem recriá-la ou sustentá-la, à maneira de um corpo inerte que prosseguisse seu movimento depois do choque inicial: não existe inércia alguma na consciência. Se me faço triste, significa não sou triste: o ser da tristeza me escapa pelo ato e no ato mesmo pelo qual me afeto dela.

(Sartre. O Ser o Nada, p. 107-108)

Leituras complementares 4: Liberdade, relativismo e valor


O texto abaixo, de Luiz Moutinho, é uma pequena explicação sobre a noção de liberdade em Sartre, diferenciando-a do relativismo e do individualismo.

[Liberdade, relativismo e valor]

Para recusar a acusação de que Sartre é relativista, é necessário distinguir o conceito sartriano de liberdade de um outro que está por trás dessa acusação [de relativismo]. Aquele que, uma vez afastado o dever, a regra, a prescrição, conclui pela liberdade para se fazer o que se quer, raciocina como se liberdade implicasse em uma falta de regras, em uma ausência de comandos – ou, mais amplamente, em uma ausência de impedimentos externos para se dar livre curso ao que quer que seja, como se a liberdade fosse maior ou menor na proporção inversa desses impedimentos externos. Em suma: sou livre quando nada está no meu caminho! Aquele que raciocina assim mede a liberdade da ação pela falta de obstáculos: a liberdade não é uma qualidade da própria ação, mas o resultado dessa ausência de obstáculos. Do ponto de vista de Sartre, que há de errado aqui?
O núcleo do erro consiste em que esse raciocínio não põe em questão os fins visados pelo agente: dado um fim, a liberdade será a ausência de obstáculos para realizar esse fim. Mas, e esse fim, de onde ele vem? Ele foi livremente escolhido? Para Sartre, basta que se coloque essa questão para que tudo mude: somos levados a recuar um passo e caracterizar a própria ação. Nesse caso, ela será livre não na medida em que ela alcança fins, mas na medida em que ela os determina a partir de si mesma: não é o êxito, não é o sucesso da empreitada que torna a ação livre, mas a escolha autônoma dos fins. Com isso, tudo muda: a liberdade ganha um sentido positivo, ela se torna criadora, ela inventa fins (nunca no vazio, como notávamos, mas em situação, no mundo). [...]. Em toda parte, é sempre o mesmo poder da liberdade que Sartre quer destacar e que, no plano da ética, pode ser expresso assim: os valores não existem por si mesmos, eles só existem pela liberdade, a liberdade é a fonte do valor [...].
Ora, é porque cria valores que a liberdade sartriana não é nunca opção pelo individual: o valor almeja sempre, carrega sempre consigo a pretensão de universalidade; mesmo o menor dos nossos atos carrega essa pretensão. Não é portanto verdadeiro que Sartre afaste o universal: ele apenas o redefine a partir da liberdade, como apelo, não como comando. Claro que posso negar que meu ato carregue a pretensão de universalidade e afirmar que meu ato valia... só para mim. Mas, com isso, nada mais faço que... cometer uma imoralidade! A imoralidade se define por aqui: por tudo aquilo que visa suprimir, condicionar, evitar a liberdade. Só é verdadeiro, portanto, que Sartre recuse submeter a ação a algum critério pelo qual se possa afirmar sua moralidade, se entendermos por critério uma norma prévia à ação. O critério, para Sartre, é intrínseco à ação: é sua condição livre.  Daí porque as desculpas, as justificativas para isentar-se da responsabilidade pelos atos praticados são, para ele, tantas formas de agir imoralmente [e portanto de má-fé].

(Luiz Moutinho. “Sartre: a liberdade sem desculpas”, p. 219-220; 223-224. In: V. Figueiredo. Seis filósofos na sala de aula)


Leituras complementares 3: Liberdade, angústia e nada


O texto abaixo é um trecho do livro de Gerd Bornheim "Sartre. Metafísica e Existencialismo". Desenvolve a relação entre liberdade, angústia e nada.

[Liberdade, angústia e nada]

            Mas o que se entende por liberdade? Se o homem não é estruturado por nenhuma constituição interna, a determinação da liberdade permanece ontologicamente negativa: qualquer tentativa de determinação incide na total indeterminação; a liberdade é indeterminação absoluta. Faz-se claro, assim, que Sartre explicite a liberdade, antes de mais nada, como desprendimento do passado, quer em um sentido objetivo, quer em um sentido subjetivo. “Esta liberdade, que se descobre a nós na angústia, pode caracterizar-se pela existência desse nada que se insinua entre os motivos e o ato” (EN, p. 71). A importância da liberação do passado ou, ao menos, o empanamento dos motivos através do nada que se intromete, explica-se por que todo o reconhecimento de uma vigência atuante do passado resultaria em demarcar o homem por um em-si; com efeito, o passado, na medida em que determina a liberdade, assume as características do em-si e infringe o ato livre por instaurar a relação causa-efeito. O reconhecimento do passado deve dar-se em direção exatamente oposta: não a partir do ser, que sempre é determinante, e sim a partir do nada. O reconhecimento da liberdade implica o reconhecimento do nada como sua raiz geradora. A frequente tentação de desumanizar-se provém da tendência que habita o homem de encontrar a si próprio na coincidência com o ser, quando em verdade enfrentar o próprio nada coincide com a humanidade radical do homem. Daí a importância da angústia, pois olhar o nada nos olhos redunda em admitir o homem naquilo que ele é em seu fundamento. “É na angústia que o homem toma consciência de sua liberdade como consciência de ser, é na angústia que a liberdade, em seu ser, se problematiza para ela mesma” (EN, p. 66). Nesse sentido, eu sou a angústia (EN, p. 70) encravada num passado que eu não posso ser, “eu me faço não ser esse passado de boas resoluções que eu sou” (EN, p. 71). O homem nunca pode ser os conteúdos que povoam a sua consciência: eles são escorregadios, devolvem-se à sua angústia, ou seja, à sua liberdade. O homem é um ser que se despede constantemente do ser, a angústia o desenraíza do que é.

(Gerd Bornheim. Sartre. Metafísica e Existencialismo, p. 46-47)  

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Próximo encontro: dia 31/10


Pessoal,
Nesta quarta-feira, dia 31/10, às 17:30h, na sala 52 do ICHS, teremos o terceiro encontro do curso. É fundamental a leitura prévia do texto. Sugerimos leitura atenta dos parágrafos 14 a 26 (o restante do texto). Nestes parágrafos conceitos fundamentais como subjetividade, má-fé, liberdade e humanismo são retomados e aprofundados. Confiram aqui no blog informes e indicações de leituras complementares. Até quarta...

Leituras complementares 2: Liberdade e Responsabilidade


O texto abaixo é um trecho do livro de Sartre “O Ser e o Nada”. Desenvolve a noção de liberdade, esclarecendo alguns de seus aspectos.

Liberdade e Responsabilidade
A consequência essencial de nossas observações anteriores é a de que o homem, estando condenado a ser livre, carrega nos ombros o peso do mundo inteiro: é responsável pelo mundo e por si mesmo enquanto maneira de ser. Tomamos a palavra “responsabilidade” em seu sentido corriqueiro de “consciência (de) ser o autor incontestável de um acontecimento ou um objeto”. [...]. Portanto, é insensato pensar em queixar-se, pois nada alheio determinou aquilo que sentimos, vivemos ou somos. Por outro lado, tal responsabilidade absoluta não é resignação: é simples reivindicação lógica das conseqüências de nossa liberdade. O que acontece comigo, acontece por mim, e eu não poderia me deixar afetar por isso, nem me revoltar, nem me resignar. Além disso, tudo aquilo que me acontece é meu; deve-se entender por isso, em primeiro lugar, que estou sempre à altura do que me acontece, enquanto homem, pois aquilo que acontece a um homem por outros homens e por ele mesmo não poderia ser senão humano. As mais atrozes situações da guerra, as piores torturas, não criam um estado de coisas inumano; não há situação inumana; é somente pelo medo, pela fuga e pelo recurso a condutas mágicas que irei determinar o inumano, mas esta decisão é humana e tenho de assumir total responsabilidade por ela. Mas, além disso, a situação é minha por ser a imagem da minha livre escolha de mim mesmo, e tudo quanto ela me apresenta é meu, nesse sentido de que me representa e me simboliza. Não serei eu quem determina o coeficiente de adversidades das coisas e até sua imprevisibilidade ao decidir por mim mesmo? Assim, não há acidentes em uma vida; uma ocorrência comum que irrompe subitamente e me carrega não provém de fora; se sou mobilizado em uma guerra, esta guerra é minha guerra, é feita à minha imagem e eu a mereço. Mereço-a, primeiro, porque sempre poderia livrar-me dela pelo suicídio ou pela deserção: esses possíveis últimos são os que devem estar presentes a nós quando se trata de enfrentar uma situação. Por ter deixado de livrar-me dela, eu a escolhi; pode ser por fraqueza, por covardia frente à opinião pública, por que prefiro certos valores ao valor da própria recusa de entrar na guerra (a estima de meus parentes, a honra de minha família etc). De qualquer modo, trata-se de uma escolha. [...].
Nessas condições, posto que todo acontecimento do mundo só pode revelar-se a mim como ocasião (ocasião aproveitada, perdida, negligenciada etc), ou, melhor ainda, uma vez que tudo aquilo que nos ocorre pode ser considerado com uma oportunidade, ou seja, só pode nos aparecer como meio para realizar este ser que está em questão em nosso ser, e uma vez que os outros, enquanto transcendências-transcendidas, tampouco são mais do que ocasiões e oportunidades, a responsabilidade do Para-si se estende ao mundo inteiro como mundo-povoado. É assim, precisamente, que o Para-si se apreende na angústia, ou seja, como um ser que não é fundamento de seu ser, nem do ser do outro, nem dos Em-sis que formam o mundo, mas que é coagido a determinar o sentido do ser, nele e por toda parte fora dele. Aquele que realiza na angústia sua condição de ser arremessado em uma responsabilidade que reverte até sobre sua derrelição já não tem remorso, nem pesar, nem desculpa; já não é mais do que uma liberdade que se revela perfeitamente a si mesmo e cujo ser reside nesta própria revelação. Mas, como sublinhamos no início desta obra, na maior parte do tempo fugimos da angústia pela má-fé.  (Sartre. O Ser e o Nada, p. 678-81)

domingo, 21 de outubro de 2012

Leituras complementares 1


1) Benedito Nunes. Filosofias da existência. In:_____. A Filosofia contemporânea: trajetos iniciais.
Capítulo curto e introdutório sobre as grandes linhas do existencialismo de Sartre, Gabriel Marcel e Karl Jaspers.

2) Franklin Leopoldo e Silva. Sartre. In: Rossano Pecoraro (org.). Os filósofos clássicos da filosofia.
Excelente texto de introdução ao pensamento sartreano. Contém ao final um pequeno glossário com os principais conceitos do autor.

OBS: todos os textos estão disponíveis na pasta do curso no xerox da Tetê  

Próximo encontro (dia 24/10)


Pessoal,
Nesta quarta-feira, dia 24/10, às 17:30h, na sala 52 do ICHS, teremos o segundo encontro do curso. É fundamental a leitura prévia do texto. Sugerimos leitura atenta dos parágrafos 8 a 13. Nestes são apresentados conceitos fundamentais do existencialismo sartriano como: angústia, desespero, desamparo, má-fé e liberdade. Confiram aqui no blog informes e indicações de leituras complementares. Até quarta...

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Início do curso: dia 17/10


Pessoal, 
Nesta quarta-feira, dia 17/10, às 17:30h, na sala 52 do ICHS, iniciaremos o curso de extensão Leituras Filosóficas: “O existencialismo é um humanismo” (Sartre). É fundamental a leitura prévia do texto. O texto encontra-se disponível no xerox da Tetê (procurar a pasta do curso). Para este primeiro encontro sugerimos uma leitura mais atenta dos parágrafos 1 a 7. Confiram neste blog informes, sugestões e demais materiais. Aguardamos vocês na quarta. Até...


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

INSCRIÇÕES ENCERRADAS

Encerradas as inscrições para o novo módulo do curso. Todas as vagas foram preenchidas. Agradecemos a procura. Reiteramos que o curso "Leituras Filosóficas" terá continuidade no próximo semestre letivo. Poderemos reeditar algum módulo (Nietzsche ou Sartre) ou trabalhar com novos textos e autores. Sugestões são bem-vindas.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

NOVO MÓDULO


Curso de Extensão
LEITURAS FILOSÓFICAS:
O EXISTENCIALISMO É UM HUMANISMO
 (SARTRE)

O curso 'Leituras Filosóficas' tem como objetivo propiciar orientações básicas para uma leitura sistemática de textos filosóficos clássicos e contemporâneos. Nesta edição estudaremos, na íntegra, o livro 'O existencialismo é um humanismo', de Jean-Paul Sartre. Além disso, ensaiaremos interlocuções entre o existencialismo e pensadores como Nietzsche, Clarice Lispector e Carlos Drummond de Andrade. Antes de cada reunião é imprescindível leitura prévia dos textos indicados.

Cronograma: toda quarta-feira de 17 de outubro a 7 de novembro

Horário: 17:30 às 19h

Local: Sala 52, ICHS/UFMT

Nº de vagas: 15

Público: comunidade acadêmica da UFMT e demais interessados

Carga horária: 6h

Professores: Alécio Donizete e Rodrigo Marcos de Jesus

Inscrição (gratuita): de 5/10 a 17/10, Departamento de Filosofia UFMT, de 9 às 11h e de 14 às 17h.

Informações: Departamento de Filosofia UFMT (3615-8479)

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Certificado e informes


Pessoal,

Agradeço a participação de vocês no curso. Espero que o curso tenha possibilitado uma introdução geral ao pensamento de Nietzsche e  incentivado seu aprofundamento. Aproveito para fazer os últimos informes:
1) Algumas pessoas têm direito ao certificado do curso. Confiram abaixo a lista. O certificado será concedido àqueles que frequentaram 75% dos encontros. Os certificados serão emitidos pela PROCEV e posteriormente estarão disponíveis na secretaria da filosofia.
2) Aos poucos disponibilizarei no blog os excertos de comentadores e de textos de Nietzsche que foram utilizados durante o curso. Este é um material que pode auxiliar na compreensão de aspectos do pensamento nietzscheano.
3) No próximo semestre a intenção é continuar com o curso “Leituras Filosóficas”. Ainda não há definição de autor e texto a ser estudado. Podemos tanto continuar com o estudo de Nietzsche (escolhendo outro livro, por exemplo, “Ecce homo”) ou mudar de autor. Sugestões são bem-vindas.


Certificados
Aline Áurea Santana Walles
Angela Teresinha Fontana de Souza
Catarina Jocinei de Oliveira
Cleber Rodrigues da Silva
Débora Cristina Mendes Lucas Meireles dos Santos
Henrique Souza Camargos
Hilda Regina Pereira Menezes Olea
José Carlos Evangelista
Junia Mara da Costa Serra Driemeyer
Lindalva Pedroza da França


quarta-feira, 30 de maio de 2012

Último encontro: 4/6


Pessoal,
Na próxima segunda-feira, dia 4/6, teremos o último encontro do curso. Local: sala 52, ICHS/UFMT.
Atenção para a mudança de horário: 18h.
Abaixo, a relação dos capítulos a serem discutidos e dos responsáveis por apresentá-los:
Incursões de um extemporâneo (Ângela e Regina); O que devo aos antigos (Catarina).
Como combinado, daremos ênfase à discussão sobre estética e alguns conceitos ainda pouco explorados. Para isso, leiam com atenção os parágrafos 10, 17, 19, 24, 34, 39 do capítulo Incursões de um extemporâneo.
Boa leitura. Até dia 4...


quinta-feira, 24 de maio de 2012

Próximo encontro: 28/5

Pessoal,

Na próxima segunda-feira, dia 28/5, teremos o penúltimo encontro do curso.
Local: sala 52, ICHS/UFMT. Horário: 19 às 21h.
Abaixo, a relação dos capítulos a serem discutidos e dos responsáveis por apresentá-los:
Os “melhoradores” da humanidade (Henrique); O que falta aos alemães (José Carlos); Incursões de um extemporâneo (Ângela e Regina).
Boa leitura. Até dia 28...

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Remarcação do próximo encontro: dia 28/5

Pessoal,

O próximo encontro do curso foi remarcado para o dia 28 de maio. Motivo: conflito de datas devido evento no ICHS.
Nesse encontro discutiremos os seguintes capítulos: Os “melhoradores” da humanidade; O que falta aos alemães; Incursões de um extemporâneo.
Local: sala 52, ICHS/UFMT. Horário: 19 às 21h.
Boa leitura. Até dia 28...

PS: o curso continuará independentemente de uma possível greve.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Próximo encontro: dia 7/5

Pessoal,
Na próxima segunda-feira, dia 7 de maio, teremos mais um encontro do Curso de Extensão Leituras Filosóficas: “Crepúsculo dos Ídolos” (Nietzsche). Local: sala 52, ICHS/UFMT. Horário: 19 às 21h.
Abaixo, a relação dos capítulos a serem discutidos e das pessoas responsáveis por apresentá-los:
 Moral como contra natureza (Judite)
Os quatro grandes erros; Os “melhoradores” da humanidade (Henrique)
O que falta aos alemães (José Carlos)
Boa leitura. Até dia 7...

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Próximo encontro: dia 23/4 (segunda)

Olá, pessoal!
Na próxima segunda-feira, dia 23 de abril, teremos mais um encontro do curso.
Local: sala 52, ICHS/UFMT. Horário: 19 às 21h.
Abaixo, a relação dos capítulos a serem discutidos e das pessoas responsáveis por apresentá-los:
O problema de Sócrates; A “razão” na filosofia (Cléber)
Como o “mundo verdadeiro” acabou por se tornar fábula; Moral como contra natureza (Judite)
Os quatro grandes erros; Os “melhoradores” da humanidade (Henrique)
Para uma boa discussão é imprescindível a leitura prévia dos capítulos.

Na pasta do curso (xerox da Tetê) encontram-se os seguintes textos suplementares:
* “Vocabulário Nietzsche”: corpo; espiritualização, instinto, interpretação, moral, niilismo, valor, verdade
* “Nietzsche e a crítica da civilização” (Eduardo Brandão)
* “Nietzsche” (Jean Granier): capítulo II – Superar a metafísica
 Boa leitura. Até dia 23...

terça-feira, 17 de abril de 2012

Texto disponível no xerox

Pessoal,
Encontra-se no xerox da Tetê  cópia, na íntegra, do “Crepúsculo dos Ídolos”, edição da Relumé Dumará. Em breve deixarei outros materiais de apoio (glossário, comentários) em nossa pasta. Até...

terça-feira, 3 de abril de 2012

Início do curso


Olá, pessoal!
Na próxima segunda-feira, dia 9 de abril, iniciaremos o Curso de Extensão Leituras Filosóficas: “Crepúsculo dos Ídolos” (Nietzsche). Local: sala 52, ICHS/UFMT. Horário: 19 às 21h.
No primeiro encontro discutiremos os seguintes capítulos do livro de Nietzsche: Prefácio; Sentenças e setas; O problema de Sócrates; A “razão” na filosofia; Como o “mundo verdadeiro” acabou por se tornar fábula; Moral como contra natureza. Para uma boa discussão é imprescindível a leitura prévia dos capítulos. Há uma pasta do curso no xerox da Tetê contendo o material indicado. Boa leitura. Até dia 9...

quarta-feira, 14 de março de 2012

Convite: Aula Inaugural da Filosofia

Pessoal,
Quem tiver interesse e disponibilidade confira a Aula Inaugural do curso de Filosofia que será proferida hoje (quarta-feira) pelo prof. Paulo Margutti. Tema: “Existe filosofia no Brasil? Debate acerca da filosofia brasileira”. Local: Auditório 1, ICHS/UFMT. Horário: 19h.

domingo, 11 de março de 2012

Cronograma e capítulos

Leitura e discussão do livro Crepúsculo dos ídolos, de Friedrich Nietzsche. Etapas da atividade (divisão dos capítulos):
Dia 9/4: Prefácio; Sentenças e setas; O problema de Sócrates; A 'razão' na Filosofia; Como o 'mundo verdadeiro' acabou por se tornar uma fábula; Moral como contra natureza
Dia 23/4: Os quatro grandes erros; Os 'melhoradores' da humanidade; O que falta aos alemães
Dia 7/5: Incursões de um extemporâneo
Dia 21/5: O que devo aos antigos; O martelo fala
Dia 4/6: Sistematização
OBS: para cada etapa serão elaborados instrumentos de pesquisa (sínteses, glossários, comentários, etc)

Esclarecimentos importantes:

O curso terá uma carga horária total de 20h, subdivididas em 10h presenciais (reuniões de estudo e discussão em grupo) e 10h não-presenciais (estudo individual do texto acompanhado de atividades complementares).
O período de realização é de 9 de abril a 4 de junho. Sendo 5 encontros presenciais, reuniões em grupo contabilizando 10h (dias 9/4, 23/4, 7/5, 21/5, 4/6). E 10h de atividades não-presenciais: estudo individual orientado e redação de instrumentos de pesquisa. Nesta primeira edição do curso estudaremos, na íntegra, o livro Crepúsculo dos ídolos, de Friedrich Nietzsche.
A dinâmica dos trabalhos envolverá:
1) estudo individual (leitura prévia dos trechos selecionados para cada debate);
2) elaboração, orientada, de instrumentos de análise de textos (sínteses, mapas conceituais, glossário, questionários, comentários, etc);
3) reuniões em grupo.

sexta-feira, 9 de março de 2012


Curso de Extensão

LEITURAS FILOSÓFICAS:
CREPÚSCULO DOS ÍDOLOS (NIETZSCHE)
O curso 'Leituras Filosóficas' tem como objetivo propiciar orientações para uma leitura sistemática de textos filosóficos clássicos e contemporâneos. Nesta primeira edição estudaremos, na íntegra, o livro 'Crepúsculo dos ídolos', de Friedrich Nietzsche. Antes de cada reunião é imprescindível leitura prévia dos capítulos indicados.

Cronograma: quinzenalmente às segundas, de 9 de abril a 4 de junho
Horário: 19 às 21h
Local: Sala 52, ICHS/UFMT
Nº de vagas: 15
Público: comunidade acadêmica da UFMT e demais interessados
Carga horária: 20h (10h presenciais de reuniões e 10h não-presenciais de estudos individuais orientados)
Professor responsável: Rodrigo Marcos de Jesus


Inscrição (gratuita): de 12/3 a 2/4, Departamento de Filosofia UFMT, de 9 às 11h e de 14 às 17h.
Informações: Departamento de Filosofia UFMT (3615-8479, deptofilosofia@ufmt.br)